No últimos anos tem sido frequente a solicitação de retirada das mamas bilaterais por pacientes que estão com diagnóstico de câncer. Vamos entender isto melhor.
A retirada da mama ou mastectomia não é uma cirurgia sem efeitos colaterais, principalmente psicológicos já que atinge diretamente a imagem corporal da mulher. Imagine quando é feita nas duas mamas!
Geralmente o pedido da paciente está relacionado ao medo da mesma em correr o risco, de após tratada, a doença retornar na mesma mama ou do outro lado. São pessoas que normalmente possuem experiências negativas com amigos ou familiares. Também podem ter um medo abusivo do câncer, a chamada cancerofobia.
É fundamental entender que apesar de ser uma cirurgia extensa e com grande potencial de tratamento e controle da doença localmente, estima-se que, por mais radical que seja, restará sempre um percentual de até 10% de tecido mamário no local da cirurgia. O que isto quer dizer? Mesmo realizando uma mastectomia a paciente possui um risco da doença voltar. Isto dependerá das características biológicas do seu tumor e não da opção cirúrgica!
Pacientes que tem o diagnóstico de câncer de mama em um dos lados, não se beneficiam da mastectomia bilateral como proteção, pois os riscos estimados de apresentarem doença na mama oposta, sem que tenham teste genético positivo, seria em torno de 3 a 4% em 10 anos. Diferente de pacientes com alterações genéticas, estas se beneficiam da cirurgia, chamada redutora de risco, pois possuem chance da doença oposta em até 50% em 10 anos.
Lembro que os casos de câncer de mama hereditários, ou seja com alterações genéticas, passando de pais para filhos, ocorre em apenas 5 a 10% da população geral.
O efeito Jolie refere-se a atriz de cinema americana, Angelia Jolie, que optou por cirurgias redutoras e removeu as duas mamas, pois apresentava teste positivo e alto risco relacionado a sua história familiar. Não se pode generalizar tal situação para um paciente sem mutação.
Além disso, mesmo que uma reconstrução mamária de sucesso e bom resultado ocorra, as novas mamas poderão adquirir um aspecto artificial, com grandes chances de serem insensíveis ao toque, podendo implicar em distúrbios sexuais. Além disso, existe uma exposição intensa a complicações que variam desde resultados estéticos escassos a dores intensas. Também vale lembrar que estas pacientes ficariam incapacitadas de amamentar.
Ressalto, ainda, que os tratamentos conservadores de mama, associados a radioterapia são seguros e equivalentes as mastectomias no controle local do câncer de mama. Com as técnicas de cirurgia oncoplástica, sem a necessidade de retirada das mamas, a paciente e seu cirurgião podem discutir sobre algumas possibilidades que podem incluir, até mesmo, a abordagem da outra mama, visando uma simetria corporal natural, favorecendo a paciente.
Nesta hora é melhor coisa a fazer é esfriar a cabeça, raciocinar e discutir as possibilidades com seu mastologista. O tratamento do câncer de mama deve ser sempre individualizado!
Lembre-se mama bonita é mama saudável!
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como mastologista em Ribeirão Preto!