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Como é a radioterapia para as mamas?

Como é a radioterapia para as mamas?

Outro dia no consultório uma paciente dizia:

_ Doutor quero que o senhor me opere e retire as duas mamas! Perguntei a razão daquela decisão e a resposta veio sem pensar:

_ Tenho medo da radioterapia e não quero fazer!

Seria este medo justificado? Vamos tentar entender.

A radioterapia e um tratamento que procura controlar a doença no local onde ela acontece, no nosso caso nas mamas ou proximo delas como a região das axilas e das clavículas ( osso que temos saliente entre o pescoço e os ombros).

A indicação da radioterapia junto da cirurgia conservadora é fundamental para que as taxas de controle local da doença sejam semelhantes as obtidas com a retirada da mama ou mastectomia, ou seja, a radioterapia permite que as mamas possam ser bem tratadas, sem que a mulher perca suas mamas.

O tratamento com radioterapia e muito parecido com um exame de Raio-x. Ambos liberam ume energia, imperceptível aos olhos, capaz de atravessar os tecidos de nosso corpo. No caso do Raio-x ela serve para mostrar algo errado e permitir um diagnóstico em alguma parte do corpo, já na radioterapia a energia é usada para tratamento, por exemplo, destruir células com defeito e que estejam se multiplicando desorganizadamente, em outras palavras, atacar o câncer. 

A radioterapia visa a liberação de uma alta energia chamada ionizante. Ela será devidamente planejada pelos radioterapeutas e físicos médicos com auxilio de aparelhos e cálculos matemáticos para que ela atinja a região do tumor. É absolutamente indolor. Exige apenas que a paciente fique em uma posição parada, sempre igual, e para isto há moldes que são feitos para que ela repita sua posição em cada dia do tratamento. Geralmente, cada sessão de radioterapia leva em torno de 15 minutos por dia, e todo o tratamento pode durar até 32 dias. 

Existem diferentes modalidades de radioterapia e cabe a equipe médica discutir a melhor opção para cada caso. Com o avanço da tecnologia, seu planejamento é cada vez mais preciso diminuindo seus efeitos colaterais. Antigamente era comum ouvir que tratamentos radioterápicos causavam “queimaduras”. Hoje estas sequelas são cada vez mais raras e praticamente a pele da área irradiada, quando muito, parece ter sofrido os efeitos de um banho de sol. O uso da radioterapia pode implicar em maiores complicações nas cirurgias reconstrutoras, principalmente com o uso de implantes, contudo a reação é individual e só saberemos se ela irá acontecer após o tratamento terminado. Não há previsão! Tenha em mente que o importante é usar todas as armas para lhe assegurar um bom tratamento. Orientações e cremes são sugeridos para minimizar qualquer efeito desagradável.

O importante é entender que, hoje em dia, temos excelentes armas no arsenal do tratamento do câncer de mama e a radioterapia é uma delas. Portanto, não tenha medo, a radioterapia é uma grande aliada! 

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como mastologista em Ribeirão Preto!

    

Posted by Dr. Gustavo Zucca Matthes in Todos
Mastectomia Bilateral

Mastectomia Bilateral

No últimos anos tem sido frequente a solicitação de retirada das mamas bilaterais por pacientes que estão com diagnóstico de câncer. Vamos entender isto melhor.

A retirada da mama ou mastectomia não é uma cirurgia sem efeitos colaterais, principalmente psicológicos já que atinge diretamente a imagem corporal da mulher. Imagine quando é feita nas duas mamas!

Geralmente o pedido da paciente está relacionado ao medo da mesma em correr o risco, de após tratada, a doença retornar na mesma mama ou do outro lado. São pessoas que normalmente possuem experiências negativas com amigos ou familiares. Também podem ter um medo abusivo do câncer, a chamada cancerofobia.

É fundamental entender que apesar de ser uma cirurgia extensa e com grande potencial de tratamento e controle da doença localmente, estima-se que, por mais radical que seja, restará sempre um percentual de até 10% de tecido mamário no local da cirurgia. O que isto quer dizer? Mesmo realizando uma mastectomia a paciente possui um risco da doença voltar. Isto dependerá das características biológicas do seu tumor e não da opção cirúrgica!

Pacientes que tem o diagnóstico de câncer de mama em um dos lados, não se beneficiam da mastectomia bilateral como proteção, pois os riscos estimados de apresentarem doença na mama oposta, sem que tenham teste genético positivo, seria em torno de 3 a 4% em 10 anos. Diferente de pacientes com alterações genéticas, estas se beneficiam da cirurgia, chamada redutora de risco, pois possuem chance da doença oposta em até 50% em 10 anos.

Lembro que os casos de câncer de mama hereditários, ou seja com alterações genéticas, passando de pais para filhos, ocorre em apenas 5 a 10% da população geral.

O efeito Jolie refere-se a atriz de cinema americana, Angelia Jolie, que optou por cirurgias redutoras e removeu as duas mamas, pois apresentava teste positivo e alto risco relacionado a sua história familiar. Não se pode generalizar tal situação para um paciente sem mutação.

Além disso, mesmo que uma reconstrução mamária de sucesso e bom resultado ocorra, as novas mamas poderão adquirir um aspecto artificial, com grandes chances de serem insensíveis ao toque, podendo implicar em distúrbios sexuais. Além disso, existe uma exposição intensa a complicações que variam desde resultados estéticos escassos a dores intensas. Também vale lembrar que estas pacientes ficariam incapacitadas de amamentar.

Ressalto, ainda, que os tratamentos conservadores de mama, associados a radioterapia são seguros e equivalentes as mastectomias no controle local do câncer de mama. Com as técnicas de cirurgia oncoplástica, sem a necessidade de retirada das mamas, a paciente e seu cirurgião podem discutir sobre algumas possibilidades que podem incluir, até mesmo, a abordagem da outra mama, visando uma simetria corporal natural, favorecendo a paciente.  

Nesta hora é melhor coisa a fazer é esfriar a cabeça, raciocinar e discutir as possibilidades com seu mastologista. O tratamento do câncer de mama deve ser sempre individualizado!

Lembre-se mama bonita é mama saudável!

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como mastologista em Ribeirão Preto!

Posted by Dr. Gustavo Zucca Matthes in Todos
Tratamento conservador ou mastectomia: o que decidir?

Tratamento conservador ou mastectomia: o que decidir?

Nos últimos anos é impressionante o número de pacientes com câncer de mama que chegam no consultório com a idéia consolidada de que o melhor tratamento seria a retirada das duas mamas, seria este o melhor tratamento? Vamos tentar responder esta dúvida.

A mama é uma glândula modificada composta de pele, gordura e tecido (ou parênquima) mamário. É neste último que geralmente se  inicia o câncer de mama.

Incialmente achava-se que o melhor tratamento para o câncer de mama seria a retirada completa e agressiva da mama, causando um aspecto estético mutilatório, bastante desfavorável. Com o tempo percebeu-se que a agressividade das cirurgias não tratava o problema completamente. Quando começou-se a usar a radioterapia em associação com cirurgias menores que conservavam as mamas, percebeu-se que as taxas de tratamentos eram muito parecidas com as das mastectomias (retiradas das mamas) extensas. Depois disso e, mais recentemente, houve a associação de técnicas de cirurgia plástica para retirar parte da mama e permitir sua reconstrução para que, além de muito bem tratada, as mamas tivessem uma aparência preservada (cirurgias oncoplásticas). 

Mas se o tratamento conservador associado a radioterapia possui as mesmas taxas de tratamento que a mastectomia, por que esta cirurgia continua sendo feita?

Primeiramente, nunca se pode generalizar um tratamento, é importante que cada caso seja individualizado. Sendo assim, algumas situações exigem a indicação das famigeradas mastectomias;

Segundo, na busca por um diagnóstico precoce, exames de imagem foram desenvolvidos e alguns deles como a ressonância magnética acabam mostrando, em algumas situações, áreas que tendem a demonstrar maiores extensões, sugerindo, supostas lesões nas mamas. Portanto, lesões grandes e extensas sugerem uma cirurgia maior. Necessária atenção da equipe médica para que se evitem cirurgias extensas desnecessárias;

Terceiro, a evolução dos testes genéticos permitiram maior acesso de todos. No entanto, em torno de 5 a 10% da população apresentam testes positivos que indicam a realização de cirurgias para retirada de ambas as mamas. Ressalto que o benefício desta cirurgia bilateral é claro quando mutações genéticas são encontradas. Outras indicações podem existir, mas precisam ser discutidas individualmente; 

Quarto, lendas urbanas e falta de compreensão associadas à informações incompletas podem causar medo e desconfiança em pacientes e médicos. Geram um medo desnecessário dos tratamentos seguros e, portanto, acabam impulsionando cirurgias maiores e muitas vezes desnecessárias com uma falsa impressão de maior segurança, apesar de um número maior de riscos e possíveis efeitos colaterais; 

Quinto, uma evolução das técnicas de reconstrução mamárias e dos implantes favorecendo a preservação de um contorno corporal, mesmo após grandes ressecções de tecidos. Novamente, aqui, as pessoas esquecem que são cirurgias reconstrutoras e não estéticas, portanto são susceptíveis a efeitos colaterais diversos. Quer saber alguns? Podem perder a sensibilidade da pele e do mamilo, as mamas podem ficar com tamanhos diferentes; podem apresentar infecções e terem de remover as próteses; perdem a chance de amamentar, entre outros;

Por último, a eficiência de um tratamento para o câncer de mama depende de uma série de fatores interrelacionados, entre os quais os aspectos biológicos do tumor. É importante entender que a doença pode voltar, mesmo após mastectomias.

Dito isto, vamos entender sobre os tipos de mastectomia:

  • simples: quando a mama é retirada com pele e gordura, gera uma cicatriz e um tórax reto, sem contorno feminino
  • radical: seria a mesma acima , mas acrescida da limpeza de todos os linfonodos (ínguas) na axila do lado da mama operada  
  • conservadora de pele (Skin Sparing): feita a retirada mama com a aréola e mamilo, preservando o máximo possível o envelope de pele que cobre a glândula e gordura, favorece uma reconstrução imediata
  • conservadora de pele e mamilo (Nipple sparing): retira toda a glângula mamária preservando o máximo de pele e a aréola e o mamilo, permitindo excelentes reconstruções, desde que bem feitas. Vamos discutir sobre isto.

Estas técnicas de mastectomias conservadoras de pele são relativamente recentes e podem ser perfeitamente aplicadas, contudo precisam permitir um tratamento ideal. Em outras palavras de nada adianta a paciente se submeter a uma cirurgia como esta e não ter o seu tecido mamário corretamente removido. Aí é que está o problema! Para obter um resultado aceitável muitos cirurgiões acabam fazendo estas mastectomias poupadoras, deixando muito tecido para atrás. Se tecido mamária está sendo deixado,  isto é uma mastectomia ou uma cirugia conservadora? Esta acompanhando meu raciocínio! Se a cirurgia deixou tecido, com certeza seria maior a chance de bons resultados, mas também seria necessária radioterapia para garantir a segurança, não foi o que vimos acima? Pois é! As mastectomias conservadoras são excelentes, mas precisam ser muito bem realizadas, com cautela e toda atenção para que a paciente realmente seja tratada e esteja segura. É importante entender que a segurança da paciente precisa estar sempre em primeiro lugar e que o resultado estético deve ser secundário. Claro que um médico experiente vai buscar lhe proporcionar segurança e um bom resultado!

Vamos fazer um resumo:

– Converse com seu médico a respeito, esclareça suas dúvidas. 

– Não tenha medo do tratamento conservador. 

– Não considere a mastectomia uma opção por escolha, principalmente a bilateral. Entenda que ela deve ser feita quando indicada e da melhor forma possível, devendo a preocupação estética ser secundária a segurança oncológica. 

– Entenda que a preservação das mamas, com diversas técnicas de cirurgia conservadora, associada à radioterapia pode ser considerada o melhor tratamento, tão seguro quanto uma cirurgia mais extensa e com excelentes resultados e mamas naturais. 

  • cirurgias oncoplásticas podem propiciar tratamentos conservadores ideais e seguros e ainda simetrizar as mamas opostas, não sendo necessária a mastectomia bilateral

– Apesar disso os tratamentos precisam ser sempre individualizados a fim de se encontrar a melhor opção para cada paciente

  • Procure sempre um cirurgião com experiência e treinamento para lhe proporcionar segurança. 
  • Lembre-se: mama bonita é mama saudável!

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como mastologista em Ribeirão Preto!

    

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